Meus agradecimentos aos membros da mídia pela cobertura do lançamento do Panorama Global do Manejo de Resíduos em 2024, que estamos divulgando durante a sexta Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA-6).
Meus agradecimentos também à Turquia por ser uma forte defensora do resíduo zero.
Esta assembleia está buscando maneiras de desacelerar a tripla crise planetária: a crise da mudança do clima, a crise da natureza e perda de biodiversidade e a crise da poluição e resíduos. Essa crise tripla é, na verdade, uma única crise, uma mensagem escrita em letras grandes nas enormes quantidades de resíduos que nossas economias geram.
Esse relatório mostra que o custo direto da gestão de resíduos foi de US$ 252 bilhões em 2020, o que aumenta para US$ 361 bilhões quando as externalidades são incluídas. Essas externalidades incluem os custos da poluição, resultando em problemas de saúde e emissões de gases de efeito estufa provenientes do lixo. A menos que tomemos medidas urgentes, os custos anuais totais poderão quase dobrar com o aumento da geração de resíduos.
Entretanto, não podemos continuar enfrentando o problema do lixo tentando gerenciar o que jogamos fora. A queima de resíduos a céu aberto é um desastre. Os lixões são um desastre. A reciclagem não consegue lidar com o grande volume de resíduos. Para concretizar a visão de uma sociedade sem lixo, precisamos redefinir o que é lixo. Muito do que jogamos fora é um recurso valioso, portanto, devemos começar a repensar o design e o fornecimento de produtos e serviços para manter os recursos na economia.
A questão do lixo plástico é um exemplo importante. Apenas 9% do resíduo plástico é reciclado, 17% é incinerado, 22% não são coletados e 46% são jogados em aterros sanitários. E, é claro, milhões de toneladas de plástico acabam nos oceanos. A solução não é apenas o gerenciamento de resíduos, mas é uma dimensão importante em um continente como a África, que em grande parte não tem infraestrutura de gerenciamento de resíduos sólidos. O mundo precisa eliminar os plásticos de uso único e desnecessários. Redesenhar os produtos. Redesenhar as embalagens para que não usem ou usem menos plásticos. Reformular os sistemas de reutilização, recarga e, sim, reciclagem. É por esse motivo que a Assembleia Ambiental da ONU, há dois anos, deu o pontapé inicial nas negociações de um instrumento sobre poluição plástica, que devem ser concluídas este ano.
A mesma abordagem se aplica aos minerais e metais de que precisamos para a transição energética. Os produtos precisam ser projetados para reparo, remanufatura, recuperação - muitas vezes chamada de mineração urbana - e reciclagem para manter os minerais e metais na economia em vez de extraí-los da Terra e jogá-los fora. Atualmente, até sete por cento do ouro do mundo pode estar no lixo eletrônico. Isso não faz sentido.
Portanto, precisamos começar a pensar no lixo como um recurso, mudar para práticas de desperdício zero e garantir uma transição justa para os trabalhadores informais, como os catadores de lixo, e as disparidades socioeconômicas e de gênero nessas comunidades.
Se conseguirmos criar essa mentalidade e colocá-la em prática, não apenas desaceleraremos a tripla crise planetária. Teremos um ganho líquido anual de US$ 108,5 bilhões em relação ao custo atual da gestão de resíduos. Se isso não é a manifestação definitiva do velho ditado "quem poupa, sempre tem", não sei o que é.